sexta-feira, 11 de abril de 2008

SENHORA

José de Alencar
Resumo da Obra

Aurélia Camargo, moça pobre, torna-se rica graças à herança do avô, recebida aos 18 anos, quando é apresentada à sociedade fluminense. Encanta a todos com sua esplendorosa beleza. Órfã, tem em sua companhia uma parenta viúva, D. Firmina Mascarenhas.
Sua beleza desperta o interesse de muitos rapazes. Mas acredita que todo interesse se deve a sua fortuna, e por isso despreza-os.
Aurélia tem como tutor o irmão de sua mãe, o senhor Lemos. Numa determinada manhã é chamado para discutir sobre o casamento da jovem. Faz referência a Manuel Tavares do Amaral, empregado da alfândega, que ajustou o casamento da filha Adelaide por um dote de trinta contos com um rapaz recém-chegado ao Rio de Janeiro.
Solicita ao senhor Lemos que a auxilie a desmanchar esse casamento, indicando que a moça deve se casar com o Dr Torquato Ribeiro, seu verdadeiro amor, repelido por ser pobre. Pede ao tutor para dar 50 contos de réis, retirados da herança de Aurélia, como dote a Ribeiro, porque deseja se casar com o moço prometido a Adelaide. O tio deve procurar o moço escolhido e lhe propor 100 contos de réis e casamento com separação de bens, mantendo absoluto segredo sobre quem faz a proposta.
O escolhido é Fernando Rodrigues de Seixas, um moço que ainda não chegou aos trinta anos, tez finíssima, cuja alvura realça a macia barba castanha, olhos rasgados, bigode. É esbelto sem magreza, e de elevada estatura. O pé não é pequeno; mas tem a palma estreita e o firme arqueado da forma aristocrática. Rapaz de poucos recursos que conheceu na infância. Vive com a mãe e duas irmãs que o veneram. Órfão aos 18 anos, abandona o terceiro ano de Direito e passa a trabalhar jornalista, tendo certo sucesso na imprensa fluminense.
Procurado pelo Lemos, ele recusa a oferta, dias mais tarde, decide aceitar para dar um dote para o casamento da irmã. Pede vinte contos de réis adiantados.
Seixas é apresentado à futura noiva. Preocupado com a situação humilhante, mas Lemos avisa que a moça nada sabe sobre o acordo. Dias mais tarde, oficializa o pedido de casamento, prontamente, aceito por Aurélia Camargo. A celebração é modesta com poucos convidados e os noivos se sentem felizes.
Quando ficam a sós, ele declara todo seu amor por ela, a moça, porém se revela de forma cruel, mostrando-lhe desprezo e mencionando o acordo de cem contos de réis. Quando expõe todo seu desgosto para com o comportamento anterior do rapaz. “Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.” Dá a ele os oitenta contos de réis restantes.
Diante da fúria da noiva, afirma não amá-la, só se interessando pelo dote e, portanto, está pronto para atender suas ordens. Aflita, angustiada e surpresa, ordena que ele se retire. Passam a viver sob a aparência de casal feliz, mas se martirizam com ironias e sarcasmos, levando vidas separadas quando estão longe do convívio social.
A mãe de Aurélia, Emília se casara com um médico pobre, Pedro Camargo, filho natural de rico fazendeiro, Lourenço de Sousa Camargo, que manda buscar o filho sem reconhecer a união. Este parte para a fazenda paterna, mas não tendo coragem para enfrentá-lo, envia cartas amorosas à esposa e dinheiro para seu sustento. Passam a viver algumas semanas juntos e outras separados, temendo que o velho descubra tudo e não mais os ajude. Tem dois filhos, Emílio e Aurélia.
Pedro sustenta a família e educa bem os filhos. Após doze anos de convivência com a esposa e 36 anos de idade, o pai lhe apresenta uma noiva de 15 anos, filha de rico fazendeiro. O moço se esconde em um rancho e aí morre de febre cerebral, deixando 3 contos de réis a um tropeiro para ser levado a Emília.
Aurélia, na infância, leva vida modesta em companhia da mãe e do irmão, criatura fraca que é sempre ajudada, em seu trabalho de caixeiro, pela moça, sobrecarregada de tarefas. Morto o irmão, a mãe começa a preocupar-se com o destino da filha, falando-lhe constantemente sobre a necessidade de se casar e de se colocar à janela, pois bonita como é, logo arranjaria pretendentes. Apesar de desgostosa, Aurélia atende aos apelos.
Fernando Seixas candidata-se, conquistando a atenção de Aurélia, passa a freqüentar-lhe a casa, sente-se constrangido em namorar moça tão pobre. Há, ainda, Eduardo Abreu, rapaz rico e de boa família que encantado com a beleza da menina, pede sua mão em casamento, ela recusa pois ama Seixas, que sabendo do interesse de Abreu, prefere perdê-la a fazê-la sofrer com sua pobreza, mas tendo ela recusado o pedido, volta e a pede em casamento.
O senhor Lemos resolve interferir fala ao pai de Adelaide Amaral sobre as vantagens do casamento da moça com Seixas. O pai não gosta do Dr. Torquato Ribeiro, porque é pobre. Se interessa por Seixas e o apresenta em casa. Quando o chefe da casa lhe oferece o dote de 30 contos de réis, ele aceita imediatamente. Aurélia recebe uma carta anônima dizendo que Fernando a trocou pelo dote de 30 contos de réis.
A moça fica infeliz, mas, por outro lado, reencontra o avô, que decidira reconhecer mãe e filha. Desafortunadamente, tanto a mãe quanto o avô logo falecem. O avô deixara um testamento nomeando-a herdeira universal dos seus bens. O tio Lemos, aparece munido de uma nomeação para ser seu tutor, mas Aurélia sabe muito bem conduzir os negócios graças ao aprendizado adquirido com o trabalho do irmão. Aurélia pensa em recusar a tutela, mas logo acha interessante ter um tutor que domina. Passa a morar com a parenta afastada, D.Firmina.
Passado alguns meses, depois do casamento Fernando fica sabendo que tem direito a 20 contos de réis, resultantes de um negócio feito quando solteiro. Pede um encontro reservado com a esposa e lhe restitui com juros os 100 contos de réis. Aurélia declara seu amor, diz que o perdoa, pede que ele a ame e como prova de que não o engana, mostra-lhe seu testamento, passando-lhe tudo o que tem. Por fim, se beijam e se dão por felizes.

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