domingo, 26 de outubro de 2008

Mudança de valores

Tudo um dia muda...
Os valores se inverteram...
O devedor acha um absurdo...
Ser cobrado pelo credor...!
Os filhos acham inaceitável...
Ter horário pra voltar...
E os direitos humanos insistem em defender os bandidos...
E num mundo onde o superfluo é mais desejado...
E o necessário é desprezado...
Uma coisa pouco mudou...
A incansável busca pelo amor...!
Num mundo que reina a desordem...
Onde o certo tá errado...
E o errado quase sempre certo...
A procura pelo par ideal ficou mais difícil...
Pois se antes casava-se com o primeiro...
Hoje experimenta-se tanto que vem a indecisão...
Repleta de escolhas mal feitas...
Novas experiências e mais decepção...!
A mudança de valores...
Atingiu a forma de fazer as coisas...
Mas não mudou o objetivo principal...
Encontrar o par ideal...!

AC Ribas 08/02/2008 – 23:41h

Lucíola

Resumo da obra de José de Alencar

Em cartas que a destinatária, sra. G.M., Paulo Silva, o protagonista conta a história de seu relacionamento com uma mulher.Logo após ter chegado ao RJ, procedente de Olinda, em 1855, com cerca de 25 anos, Paulo fora convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, não identificara como cortesã ( ou prostituta).Ao ver Lúcia, assim se chamava a mulher, tivera a impressão de já conhecê-la. De fato, à noite lembra-se de que, realmente, já a tinha visto antes, no dia mesmo de sua chegada ao RJ, em um carro elegante puxado por dois fogosos cavalos, e exclamara então para um companheiro de lado: "Que linda menina! Como deve ser pura a alma que mora naquele rosto!".Lúcia era, assim, uma mundana de rara beleza e suave aspecto, que faziam parecer uma jovem inocente. Pelo menos, essa foi a impressão de Paulo e que o levou a apaixonar-se, mesmo depois de saber quem era ela.Boa nas intenções, mas devassa na prática da vida que levava; interesseira e avara na conquista do dinheiro fácil e, ao mesmo tempo, generosa ao dar esmolas e na ajuda a parentes; com um passado de luxo e dissipação, se apaixona da maneira mais romântica pelo jovem que nela descobrira bondade e ternura. Tendo Paulo visto Lúcia naquela festa da Glória, a ela foi apresentado pelo seu companheiro, que a conhecia e fora seu amante. Mesmo assim ele continuou a idealizá-la, até nas visitas que lhe fez a seguir, francamente inocentes e cordiais. Só algum tempo depois é que se tornaram amantes.Paulo recusava-se a acreditar que Lúcia era uma prostituta, então seu amigo Sá o convida para uma ceia em sua casa no sábado. Na ceia encontrava-se Lúcia, três outras mulheres, Sr. Couto capitalista um senhor de cabelos e barbas brancas. O sexto convidado era um moço de 17 anos, o Sr. Rochinha, “que trazia impressa na tez amarrotada, nas profundas olheiras e na aridez dos lábios, a velhice prematura”. Era uma libertino precoce. Após a ceia Sá mostra alguns quadros “Mas são realmente soberbas estas pinturas!... exclamou o Couto. Que posições admiráveis!... Ressuscitariam um morto. Apenas noto a ausência absoluta do sexo feio.”Logo depois “Lúcia saltava sobre a mesa. Arrancando uma palma de um dos jarros de flores, trançou-a nos cabelos, coroando-se de verbena, como as virgens gregas. Depois agitando as longas tranças negras, que se enroscaram quais serpes vivas, retraiu os rins num requebro sensual, arqueou os braços e começou a imitar uma a uma as lascivas pinturas; mas a imitar com a posição, com o gesto, com a sensação do gozo voluptuoso que lhe estremecia o corpo, com a voz que expirava no flébil suspiro e no beijo soluçante, com a palavra trêmula que borbulhava dos lábios no delíquio do êxtase amoroso.” Paulo sente-se sufocado e sai da sala. Considera aquela cena absurda. “É mais do que a prostituição: é a brutalidade da jumenta ciosa que se precipita pelo campo, mordendo os cavalos para despertar-lhes o tardo apetite.”Cada vez mais, no entanto, prendia-se a ela por um amor apaixonado que ultrapassava a simples satisfação do sexo. Não a queria como uma mundana, famosa pelos requintes no amor, e sentia que ela também o amava realmente. A prova maior disso foi o seu afastamento de tudo para dedicar-se a ele. Nem logo brigaram, e ela voltou à vida antiga. Nessas alternativas de brigas e reconciliações, de ciúmes e de arrependimento, chegaram à confissão de suas vidas e à aceitação do amor com que se queriam. Um dia Lúcia adoeceu, e dai em diante nao foi mais a mesma, recusou-se a ser amente de Paulo e após várias tentativas ele decide renunciar ao desejo que sente por ela. Mais tarde supõe-se que ela já estava grávida dele.Lúcia contou-lhe a sua história, sua família viera morar na Corte e viviam dignamente, até que a epidemia de febre amarela de 1850 atacou todos os seus. Somente ela foi poupada, vendo-se obrigada a cuidar dos familiares. Assim, por necessidade, entregou o seu corpo a um ricaço de nome Couto, para conseguir ajuda e apoio. Morreram a mãe, a tia e dois irmãos; o pai, ao descobrir o que ela fizera expulsou-a de casa. Na sua nova vida, então, mudou de nome, pois se chamava realmente Maria da Glória, em devoção a sua madrinha Nossa Senhora da Glória.Depois de uma longa viagem que fizera à Europa em companhia de um amante, de volta ao Rio só encontrou de sua família uma irmãzinha de nome Ana, a quem tomou sob sua proteção e a pôs num colégio.Após tal confissão, Lúcia foi morar numa casinha de Santa Teresa, que alugara, em companhia da irmã. Afastou-se da vida mundana para receber apenas a visita de Paulo. Passeavam nos arredores de mãos dadas como dois namorados, e nessa busca da inocência perdida, ela se recusava a ser de novo sua amante. É que ela agora já adotando outra vez seu nome de batismo, Maria da Glória, estava esperando um filho de Paulo.Mas o idílio em que viviam durou pouco. Lúcia sofreu um aborto e, ante a recusa de tomar remédio para expelir o feto sem vida, faleceu, confessando a Paulo que o amava perdidamente desde o primeiro encontro. Pediu-lhe que cuidasse de sua irmãzinha Ana, a quem deixara em testamento a sua fortuna, cerca de cinqüenta contos de réis, como se fosse sua própria filha. A princípio queria que ele se casasse com Ana, mas, ante sua recusa, pediu-lhe que a protegesse, e morreu dizendo-se sua noiva eterna, sua noiva no céu.Paulo cuida de Ana até que ela se case, e nunca mais casa-se com ninguem.